domingo, 24 de outubro de 2010

no caminho

Havia uma párea de colunas alaranjadas, num breu circundante, entregues a perdição de uma noite calorenta. Ensebava os pensamentos com desonestidade. Uma revoada de pernilongos passa diante d'Ela.

ELA: a mais bela lua de todas as minhas noites.

Chegara ao campo cruzando o Vilarejo P. em direção a um povoado próximo do Vilarejo M. Horas intermináveis, caminhei, uma estrada escura e desconhecida, até, que enfim, retornei ao vilarejo que fora apresentado de manhã. Até então, não sabia onde passaria aquela noite. O Sr. R. ofereceu sua casa, um banho, um pouco de alimento e uma rede. Não por isso, o alento veio a minha alma, oferecido por Ela. Vermelha, prostrada na limite de um horizonte perdido na noite negra. Estivera sempre entregue ao jogo do acaso, um fato que só me dei conta mais tarde, era consequência do inevitável, estar ali, preso a contemplação. Pude admirá-la por horas, até que o fim se deu. Ela desapareceu no alto do telhado. No derradeiro instante, julguei justo sentar, num lugar oposto ao que pretendera de início, a vi dando adeus! Tambores ecoavam numa estrada distante, ouvia os lamentos por uma beleza esquecida na tradição. Um ônibus corta a estrada lateral, ceifa a pobre vida de um cão distraído.

O mundo apagou.

Desperto com ânsia de vômito. Levanto da rede de longas varandas armada no primeiro cômodo da casa do Sr. R. Era manhã. Bebo uma xícara de café amargo. Continuo meu caminho por uma estrada ensolarada, igarapés, mosquitos, animais da mata. O sol se precipita, subo na barca, do extremo natural a rotina urbana. da proa vejo as cores padecerem no abre-alas acobreado do início da noite. Ao longe, o porto da cidade S. Passa da hora de acordar.

3 comentários:

  1. Lindo *O*
    Estou seguindo

    http://blog-adversativo.blogspot.com/

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  2. Cenarios abstratos, leveza e narrativa desprentenciosa. Gosto ! uma aquarela experimental !
    Paulo Cesar A de Carvalho

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