quarta-feira, 11 de abril de 2012

mirar la luna


Después de la cena.

– Déjame mirar la luna.
– Pero no te gusta la luna.
– A vos tampoco.
– Entonces, ¿por qué quieres mirar a la luna?
– Quiero sentirme sola esta noche.


translation…


Ao despertar em um lugar desconhecido.

– Deixa-me ver o sol.
– Mas você não gosta do sol.
– Você muito menos.
– Então, por que você quer ver o sol?
– Hoje quero me sentir só-l.

“A lua na praia”

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

3 palavras para continuar na mobília


– Somente duas palavras; será suficiente. Diga tudo o que você está vendo em duas palavras.
“eu já sabia”
– Por Deus, não me escuta! Só duas palavras.
“seu tolo”
– Você nunca soube de nada, muito menos sabe agora.
“eu sempre soube”
Quando? quando aos doze anos perdeu a visão?
“NÃO. muito antes do acidente, eu já estava cheia de beleza; mesmo antes de saber, e-u / j-á / s-a-b-i-a”
– Não! Você está completamente errada. Você não se lembra de coisa alguma.
“... devo proteger esta imagem da linguagem”
 (...)
LEMBRANÇA
 “por que te calas?”
– Tento ouvir, mas você só diz asneiras.
“tudo bem! pode me trancar novamente no armário”

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

2 espaços vazios


Às vezes na piscina, com dois copos vazios ao meu lado, fico surpreso com a lembrança dos meus melhores amigos e com a falta de pronunciar seus nomes. Uma prostituta atravessa a porta do banheiro, seu corpo molhado e nu me conforta. Lembro da voz afetada saindo de sua boca bêbada, cuspindo em meu rosto o cheiro de saudade. Ontem à noite menti, “eu te amo” (até que chegue a-manhã), blefe! blefei por três vezes. Ainda amava aquela desconhecida. Pão assado com ovos mexidos e para beber, bananada, tudo que a puta sabia fazer. O cheiro era bom. Na primeira mordida sinto gosto de cinzas. Leve o que ainda resta em minha carteira e pague o táxi de volta para zona.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

estacione, por favor


– Quem é o dono do carro?
 Sou eu, galega. Algum problema?
 Desculpe, ele está interrompendo a entrada.
 Pensei que esta casa estivesse abandonada.
 Pois é, senhor, aí moram pessoas.
 Vou estacionar na outra rua.
 Por favor.

Alice força a porta do casarão até arrebentar o cadeado. Na parede da ante-sala escreve com carvão negro, “País das Maravilhas”. Da bolsa de pano retira a garrafa térmica cor de rosa. O aroma de camomila ressecada a faz sentir saudade de um tempo que nunca viveu. O chá esfria no copo de plástico, enquanto Alice apronta mais uma dose de crack.



terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Amantes


Nós nos apaixonamos esta semana. Morando em Bangladesh, nossos pilares ficaram distantes. Família, amigos, idioma, tudo, sem pressa, sendo esquecido numa nova rotina. Nós nos tornamos o obelisco um do outro. Só entre nós. Até que tudo se perde, e a feiura de ambos se revela. Acabamos como dois estranhos, longe de tudo que conhecemos. Duas incógnitas dentro de um apartamento pálido.